Quem guardará o guardião?

          Muito pertinente esta expressão oriunda na filosofia política. É uma pergunta originalmente escrita em latim "quis custodiet custodes?". No Brasil temos vivido muitos anos de absurdos casos de corrupções coordenadas por políticos sujos e imorais que vendem sua idoneidade e esperança da sociedade por migalhas que caem das mesas daqueles que querem governar o país pelos caminhos obscuros do poder, e como péssimo resultado temos uma autocracia travestida de democracia.


          Quem cuidará do cuidador? Quando se falava a palavra "democracia" na Grécia antiga de Sócrates, Platão e Aristóteles o povo se lembrava de uma praça cheia de pessoas interessadas nas decisões políticas da sociedade e onde todos os participantes podiam expressar sua opinião, naquele momento a democracia era direta. Hoje quando se fala em democracia o povo logo se lembra de eleições, filas enormes para votar e muitas suplicas dos candidatos ao povo para que lhe deem a preferência de escolha, logo a democracia deixou de ser direta e passou a ser representativa, ou seja: O povo não decide, mas apenas escolhe quem decidirá pode ele.

Veja o que o próprio Platão respondeu quando esta pergunta foi feita á Sócrates:

"A pergunta é feita á Sócrates, o personagem principal da obra, depende de trabalhadores, escravos e comerciantes. A classe guardiã para proteger a cidade. A pergunta é feita a Sócrates. "Quem guardará os guardiões? ou "Quem irá nos proteger dos protetores? a resposta para esta pergunta é que os guardiões irão se proteger deles mesmos. Nós devemos contar a eles uma "mentira carinhosa". A mentira carinhosa lhes dirá que eles são melhores do que lhes servem e é então, responsabilidades deles guardar e proteger aqueles que são menos do que eles mesmos. Nós instigamos neles um desgosto por poder ou privilégio; eles irão mudar porque eles acham correto, não porque desejam".
A república de Platão

          Nós brasileiros vemos exatamente este quadro político acontecendo desde o ano de 2003 quando o poder executivo mudou de lado. Com o advento do descobrimento do mensalão, petrolão, compra de juízes na CBF, assassinato de representantes do governo, dinheiro na cueca de deputados e políticos o alto escalão entre outros, nós nos perguntamos: Quem fiscalizará o fiscalizador? Há 2.500 anos atrás o filósofo Platão respondeu a esta pergunta: eles mesmos por si só se fiscalizam uma vez que entre eles mesmos todos possuem o "rabo preso" uns com os outros e na impossibilidade de se comungarem descobrem-se e denunciam-se os escândalos que surgiram aparecendo os casos de corrupção que por uns é investigadas, por outros é denunciadas e por outros envolvidos até ao pescoço é negadas.

         Além disto para que se garanta a vida da democracia é necessário que os poderes sejam independentes entre si e jamais tenham o "rabo preso" uns com os outros gerando assim uma dependência política que não pode existir fazendo surgir novos casos de corrupção. A exemplos vemos advogados de partidos que assumem cargos elevadíssimos no judiciário, deputados que entram em sociedade com membros do judiciário entre  outros.

          Enfatizo uma citação de (Bobbio 2000) que diz: "O detentor do poder conhece as intenções dos outros, mas não permite que as suas sejam conhecidas".


Referências:
BOBBIO, Norberto. Teoria geral de política. Campus. 2000. SP

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

21 princípios de vida do melhor samurai de todos os tempos

O Decálogo de Vladimir Llitch Lenin

O sul é meu país?